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Entrevista sobre ESG com Dr. Gianfranco Muncinelli

A Teorema Sistemas está sempre em busca de levar até você, conteúdos relevantes e alinhados com as tendências que moldam o mercado e a sociedade. Pensando nisso, decidimos explorar um tema que está cada vez mais presente no mundo corporativo: o ESG. Você sabe o que significa essa sigla? Não? Então venha com a gente descobrir e entender por que ela é tão importante.

 

Nos últimos anos, ESG (Environmental, Social, and Governance) deixou de ser apenas um conceito emergente para se tornar uma prioridade estratégica. Trata-se de um conjunto de práticas que une sustentabilidade, responsabilidade social e governança ética, criando valor econômico enquanto impacta positivamente a sociedade e o meio ambiente.

 

O ESG representa uma verdadeira revolução no jeito de fazer negócios. Empresas comprometidas com esses pilares adotam energia renovável, promovem diversidade e inclusão, e garantem uma governança transparente. Isso não apenas as torna mais competitivas, mas também ajuda a enfrentar desafios globais de forma inovadora, sustentável e ética.

 

Mais do que uma tendência passageira, ESG é um divisor de águas. Ele redefine o conceito de sucesso corporativo ao equilibrar resultados financeiros com o compromisso de construir um futuro melhor para todos. Quer saber mais sobre como o ESG está transformando o mercado? Continue acompanhando os conteúdos da Teorema Sistemas!

 

Dr. Gianfranco é Diretor do escritório brasileiro da Intedya (International Dynamic Advisors) e Sócio da Muncinelli Consultoria e Treinamento.

Dr. Gianfranco Muncinelli

Mas não paramos por aí! Para aprofundar ainda mais o tema, tivemos o privilégio de entrevistar um dos maiores especialistas em ESG do Brasil: o brilhante Dr. Gianfranco Muncinelli. Com um currículo que impressiona, Dr. Gianfranco é Diretor do escritório brasileiro da Intedya (International Dynamic Advisors) e Sócio da Muncinelli Consultoria e Treinamento. Ele também atua como professor em programas de MBA de instituições renomadas, como FGV, PUC-PR e ISAE, e acumula décadas de experiência em cargos executivos em grandes empresas como Oi, Brasil Telecom e GVT. Sua formação acadêmica robusta inclui doutorado e pós-doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas, além de especializações em compliance, gestão de projetos e proteção de dados.

 

Durante a entrevista, Dr. Gianfranco desvendou o universo do ESG, traduzindo temas complexos de forma acessível e inspiradora. Ele destacou as oportunidades e os desafios que o ESG representa, compartilhando insights valiosos para empresas que desejam alinhar crescimento econômico com impacto positivo.

 

Quer saber tudo o que aprendemos com ele? Continue acompanhando e mergulhe conosco nessa jornada pelo mundo do ESG!

 

Pra começar, o que é ESG? Como você explicaria esse conceito pra alguém que está começando a explorar o tema agora?

ESG é um acrônimo para Environmental, Social e Governance (Ambiental, Social e Governança), que representa um conjunto de práticas que as empresas adotam para criar um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. É uma abordagem que considera fatores como sustentabilidade, responsabilidade social e ética nos negócios – sem esquecer a lucratividade e perenidade dos negócios da empresa.

 

Na sua opinião, o ESG já virou realidade ou ainda é um sonho distante para muitas empresas? Tem algum setor que está dando aula nessa área?

ESG já é uma realidade para muitas empresas, especialmente as de grande porte e com maior visibilidade. Setores como financeiro, energia e tecnologia estão à frente, impulsionados por regulamentações, pressão dos investidores (como a iniciativa de Larry Fink) e a crescente conscientização dos consumidores. No entanto, ainda há muito espaço para crescimento e desenvolvimento em diversos setores e regiões.

 

Quando falamos de ESG, quais são os maiores problemas e dificuldades que as empresas enfrentam pra colocar essas práticas em ação?

Maiores problemas e dificuldades: Falta de conhecimento, resistência à mudança, dificuldade em medir e reportar os resultados, e alocação de recursos são os principais desafios.

 

Por outro lado, o que você acha que muda no jogo das empresas quando elas realmente abraçam o ESG? Competitividade, sustentabilidade… o que dá mais resultado?

Mudanças no jogo: As empresas que abraçam o ESG tendem a ser mais competitivas, atraem talentos, fortalecem a reputação da marca e estão mais preparadas para enfrentar os desafios do futuro. A sustentabilidade se torna um diferencial competitivo.

 

Dá pra contar pra gente algum exemplo de prática de ESG que tem dado super certo? Algo que as empresas estão apostando e colhendo bons frutos?

Exemplos de práticas de sucesso: Economia circular, energia renovável, diversidade e inclusão, programas de voluntariado corporativo e investimentos em comunidades locais. Sou conselheiro da ALAGEV Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas é uma associação sem fins lucrativos, que atua no mercado de viagens – e está colhendo bons frutos

 

Se você pudesse usar uma bola de cristal, como imagina que o ESG vai estar nas empresas daqui a 5 ou 10 anos?

ESG será totalmente integrado aos negócios, com métricas ESG sendo tão importantes quanto as financeiras. A regulamentação será mais rigorosa, e a pressão dos consumidores e investidores será ainda maior.

 

Na sua visão, ESG vai ser o divisor de águas para os investidores no futuro? Por quê?

Sim, ESG será o principal critério de decisão para os investidores, que buscarão empresas com práticas sustentáveis e transparentes. É basicamente o “limpinho” andando com o “limpinho” e evitando se relacionar com o “sujinho”.

 

E quais tendências ou inovações você acha que vão moldar o ESG nos próximos anos? Tem algo que você acha que vai explodir em breve?

ESG será cada vez mais data-driven, com o uso de tecnologias como inteligência artificial e blockchain para monitorar e melhorar o desempenho ESG. A transição energética e a economia circular serão temas centrais.

 

O que você acha que fez o ESG virar assunto obrigatório nos últimos anos? Foi uma evolução natural ou as crises globais deram aquele empurrãozinho?

A combinação de crises globais (climáticas, sociais, financeiras) e a crescente conscientização da sociedade sobre os impactos das atividades humanas impulsionaram a adoção do ESG. As alterações climáticas conseguiram impulsionar o tema.

 

Tem algum erro clássico que as empresas costumam cometer ao adotar ESG? E, claro, o que você recomendaria pra evitar esses tropeços?

Greenwashing, falta de compromisso da alta gestão, foco em curto prazo e falta de métricas claras. O inicio precisa ser bem pensado e bem planejado. A Associação Brasileira de Normas Técnicas, lançou a ABNT PR 2030, ou Prática Recomendada 2030. É uma publicação que orienta empresas a adotarem práticas sustentáveis, alinhadas aos princípios ambientais, sociais e de governança (ESG). Tenho a honra de compor a Comissão Especial de Estudo 256 da ABNT, que está revisando esta publicação.

 

Como você vê o papel das lideranças empresariais nesse processo? Dá pra criar uma cultura de ESG só de baixo pra cima, ou o exemplo tem que vir de cima mesmo?

As lideranças são fundamentais para criar uma cultura ESG. O exemplo de cima para baixo é essencial para engajar os colaboradores e garantir o sucesso das iniciativas. O ponto chave é entender que há geração de VALOR para stakeholders e shareholders, bem como a sociedade em geral.

 

Pra fechar, por que você acredita que ESG não é só uma moda passageira? Como isso pode mudar a visão de sucesso das empresas no longo prazo?

ESG é uma resposta aos desafios globais e uma oportunidade para construir um futuro mais sustentável e justo. As empresas que não se adaptarem ficarão para trás.

 

Sobre ESG nos Estados do Sul do Brasil, e Setor de Tecnologia

 

Falando da nossa região, como você avalia o avanço das práticas ESG pelas empresas?

O Sul do Brasil tem se destacado na adoção de práticas ESG, especialmente em setores como agricultura e energia. O Paraná, de fato, tem se posicionado como um dos estados brasileiros que mais avançam na implementação de práticas ESG. Essa liderança pode ser atribuída a diversos fatores, como a forte presença do setor industrial, a preocupação com a preservação dos recursos naturais e a crescente conscientização da sociedade sobre a importância da sustentabilidade.

Setor Agrícola:

 

Agricultura de Precisão: o uso de tecnologias como drones, sensores e softwares permite otimizar o uso de insumos agrícolas, reduzindo o impacto ambiental e aumentando a produtividade.

Conservação do Solo e da Água: muitos produtores paranaenses adotam práticas de conservação do solo, como plantio direto e rotação de culturas, além de investir em sistemas de irrigação eficientes.

Produção Orgânica e Agroecológica: o Paraná possui uma forte tradição na produção de alimentos orgânicos e agroecológicos, que valorizam a biodiversidade e a saúde do solo.

 

Setor Energético:

 

Energias Renováveis: o estado tem investido em fontes renováveis como a energia solar e a eólica, além de explorar o potencial da biomassa para geração de energia.

Eficiência Energética: empresas paranaenses têm implementado programas de eficiência energética em suas operações, reduzindo o consumo de energia e os custos.

 

Outros Setores:

 

Indústria: empresas industriais paranaenses têm adotado práticas de economia circular, buscando reduzir a geração de resíduos e aumentar a eficiência no uso de recursos.

Serviços: o setor de serviços, especialmente o financeiro, tem incorporado critérios ESG em suas decisões de investimento e financiamento.

 

Iniciativas e Projetos:

 

Programa Paraná Mais Sustentável: o governo estadual tem implementado diversas iniciativas para promover a sustentabilidade no estado, como o Programa Paraná Mais Sustentável, que incentiva a adoção de práticas ESG nas empresas.

Cluster de Sustentabilidade: a criação de clusters de sustentabilidade reúne empresas, universidades e instituições de pesquisa para promover a inovação e o desenvolvimento de soluções sustentáveis.

Certificações: muitas empresas paranaenses buscam certificações como ISO 14001 (gestão ambiental), ISO 45001 (gestão de saúde e segurança), ISO 27001 (segurança de dados) demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade. Nesse setor, a Intedya (www.intedya.com), empresa espanhola líder no segmento, tem uma participação e influência norme. Sou o diretor do escritório Brasil.

 

E quais são os desafios específicos que as empresas daqui enfrentam pra implementar ESG?

Acesso a financiamento, falta de mão de obra qualificada e a necessidade de adaptar as práticas às realidades locais. Ainda existe um pensamento de que é assistencialismo, e não é. É agregar os eixos ESG na tomada de decisão, mas sempre pensando no lucro e na perenidade do negócio.

 

No setor de tecnologia, o que dá pra fazer de diferente pra integrar os princípios de ESG nas operações? Alguma dica prática?

O setor de tecnologia pode contribuir para o ESG através do desenvolvimento de soluções tecnológicas para problemas ambientais e sociais, promovendo a diversidade e a inclusão, e adotando práticas éticas no desenvolvimento de produtos e serviços. Segundo a ABNT PR 2030, privacidade de dados e segurança da informação fazem parte do eixo de governança. O setor de tecnologia já tem caminhado nesse sentido há algum tempo, em função da LGPD e do cenário de ataques cibernéticos.

 

Existem ferramentas ou recursos que você indicaria pra quem quer começar a jornada ESG de forma mais estruturada?

Falamos há pouco do ABNT PR 2030. Esta Prática Recomendada alinha os principais conceitos e princípios ESG, orientando os passos necessários para incorporá-los na organização, bem como propõe critérios Ambientais, Sociais e de Governança que servem como ponto de partida para as organizações identificarem os possíveis temas ESG materiais ao seu negócio. Completo com GRI Standards, frameworks de materialidade, plataformas de reporting ESG.

 

A entrevista com o Dr. Gianfranco Muncinelli foi uma oportunidade única para explorar o universo do ESG com um dos maiores especialistas do Brasil. Suas análises claras, exemplos práticos e visão estratégica reafirmam o papel transformador que as práticas ambientais, sociais e de governança desempenham no mundo corporativo.

O ESG não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para empresas que buscam se destacar, conquistar novos mercados e construir um futuro sustentável. A Teorema Sistemas se orgulha de compartilhar essa visão e acredita que a disseminação de conhecimento é o primeiro passo para inspirar mudanças significativas.

 

Agradecemos ao Dr. Gianfranco por dividir sua expertise e convidamos nossos leitores a refletirem sobre como podem aplicar os conceitos apresentados em seus próprios contextos. Que esta entrevista sirva como um guia e inspiração para todos que desejam trilhar o caminho da inovação sustentável. Boa leitura e até a próxima!

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